Triste fim de policarpo Quaresma é o grande romance de Lima Barreto, aquele em que a caricatura forçada ou o excesso de comentários por parte do narrador não comprometem a narrativa. A força, que o escritor não domina, tanto faz bem quanto mal à arquitetura do conjunto de toda a sua obra. Policarpo Quaresma escapou ileso aos exageros de uma mente atormentada e sua técnica, sem nenhuma dúvida rica, porem excessiva em muitos momentos. Longe da ativa, o major Policarpo é um nacionalista empedernido.

Detecta as dificuldades do país, mas não consegue enxergar a complexidade de uma situação nacional onde a xenofobia - como em qualquer parte do mundo civilizado – não passa de uma maluquice. Pontual, ritualístico, purista, o major estuda fanaticamente incontáveis aspectos de sua terra e seu povo, e quer instituir o tupi-guarani como língua oficial. Recusa-se a ingerir alimentos cuja origem e artefato não sejam brasileiros.
Sonha com um apogeu para nossa pátria acima da poderosa Inglaterra (naquele tempo, a nação das nações).
A realidade no entanto não reconhece solo pátrio, e é dura com seus quixotes. Depois de acabar no hospício, o major sai dele e adquire um sitio onde pretende plantar muito e colher mais ainda. Crê piamente que nossa terra é, em qualquer extensão, miraculosa.

Evidentemente isso não ocorre. Falta adubo. Ao feijão, milho, frutas e verduras sonhados, o que o “Sossego” (nome do sitio) faz brotar do chão são modestos aipim, abacate e abóbora, insuficientes para cobrirem as despesas com a manutenção da terra e o caseiro.

O sitio revela-se improdutivo, e o idealismo de Quaresma não o deixa perceber os limites de uma administração nunca fácil.

Esta serie constitui-se numa rigorosa seleção: foi buscar em cerca de 400 anos de produção literária os nomes mais representativos das letras do país. Textos integrais de autores consagrados em cuidadosa edição critica, destinada a estudantes tanto de 1º e 2º graus quanto vestibulandos.