Livro do Desassossego, Fernando Pessoa


William Shakespeare “inventou o humano”, na feliz expressão de Harold Bloom, porque as peças do bardo expressam os dilemas intemporais da nossa condição terrena. Fernando Pessoa (re)inventou esse humano, resgatando tais dilemas de um mundo aristocrático para a existência anônima e solitária do homem comum. Ao escrever esta espécie de autobiografia espiritual de Bernardo Soares, seu “semi-heterônimo”, Pessoa (1888-1935) legou-nos o retrato estilhaçado de nós próprios, perpetuamente submetidos a uma “vida vegetativa de suposição”, que não é um exclusivo de príncipes da Dinamarca. Ser ou não ser; fazer ou não fazer; desejar o que não se pode desejar; contemplar o tempo, implorando para que ele passe mais depressa e mais devagar; temer a solidão e temer a companhia dos homens; dizer a verdade com mentira ou a mentira com a verdade; amar o tédio com a mesma intensidade com que fugimos dele – O livro do desassossego, em rigor, não é um livro. É um puzzle inacabado e inacabável como a vida que temos e nunca teremos.
João Pereira Coutinho
Professor e colunista da Folha

Biblioteca Viva

Em 1947 Érico Veríssimo começou a escrever a trilogia "O Tempo e o Vento", cuja publicação só termina em 1962. Recebe vários prêmios, como o Jabuti e o Pen Club. Em 1965 publica "O Senhor Embaixador", ambientado num hipotético país do Caribe que lembra Cuba. Em 1967 é a vez do "Prisioneiro", parábola sobre a intervenção do Estados Unidos no Vietnam. Em plena ditadura, lança "Incidente em Antares" (1971), crítica ao regime militar. Em 1973 sai o primeiro volume de "Solo de Clarineta", seu livro de memórias. Morre em 1975, quando terminava o segundo volume, publicado postumamente.

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