O Alquimista, Paulo Coelho


O Alquimista pegou um livro que alguém na caravana havia trazido. Enquanto folheava suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.
O Alquimista conhecia a lenda de Narciso, um rapaz que todos os dias se debruçava na margem de um lago para contemplar sua beleza. Era tão fascinado por si mesmo que certa manhã, caiu no lago e morreu afogado. No lugar onde caiu, surgiu uma flor, que chamaram de Narciso.
Mas não era assim que o autor do livro terminava a lenda.
Ele dizia que, quando Narciso morreu, vieram as deusas do bosque e viram o lago, que antes era de água doce, transformado num lago de lágrimas salgadas.
- Por que você chora? - perguntaram as deusas.
- Choro por Narciso - respondeu o lago.
- Ah, não nos espanta que você chore por Narciso - disseram elas. - Afinal de contas, apesar de sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que contemplava de perto sua beleza.
- Mas Narciso era belo? - perguntou o lago.
- Quem melhor do que você poderia saber disso? - disseram, surpresas, as deusas - Afinal de contas, era nas suas margens que ele se debruçava todos os dias para contemplar-se!
O lago ficou quieto por algum tempo. Por fim disse:
- Choro por Narciso, mas jamais notei que Narciso era belo. Choro porque, todas as vezes que ele se debruçava sobre minhas margens, eu podia ver - no fundo dos seus olhos - a minha própria beleza refletida.
"Que bela história", pensou o Alquimista.

Biblioteca Viva

Em 1947 Érico Veríssimo começou a escrever a trilogia "O Tempo e o Vento", cuja publicação só termina em 1962. Recebe vários prêmios, como o Jabuti e o Pen Club. Em 1965 publica "O Senhor Embaixador", ambientado num hipotético país do Caribe que lembra Cuba. Em 1967 é a vez do "Prisioneiro", parábola sobre a intervenção do Estados Unidos no Vietnam. Em plena ditadura, lança "Incidente em Antares" (1971), crítica ao regime militar. Em 1973 sai o primeiro volume de "Solo de Clarineta", seu livro de memórias. Morre em 1975, quando terminava o segundo volume, publicado postumamente.

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